A natureza precisa de oportunidades.
A pressa era tanta que mal ouviu o barulho do pequeno vaso arremessado ao chão quando tocado por sua bolsa. Trancou a porta e correu para não perder o elevador que estava parado naquele andar por solicitação de seu vizinho. Pegou uma carona.
UMA FLOR, UM SORRISO
A pressa era tanta que mal ouviu o barulho do pequeno vaso arremessado ao chão quando tocado por sua bolsa. Trancou a porta e correu para não perder o elevador que estava parado naquele andar por solicitação de seu vizinho. Pegou uma carona.
Era um pequeno
apartamento, mas suficiente para uma estudante que mal parava em casa, afinal
além de estudar, trabalhava para seu sustento.
O sol invadia o ambiente e revelava uma pequena camada de pó na
superfície dos móveis. O silêncio reinava.
Pedaços do
pequeno vaso espalharam-se e, mais longe ainda a terra seca avançou por debaixo
dos móveis formando uma mancha marrom, no centro, uma plantinha murcha
resistia.
Ela não
gostava de plantas, ou pelo menos pensava não gostar. Ganhou o mimo da amiga de
uma amiga, que convidada de última hora para um pequeno jantar, resolveu fazer
um agrado. Resignada,
apenas arrumou um canto para colocar o presente, longe dos olhos para que não a
incomodasse e, de alguma forma não clamasse por seus cuidados.
Já
era noite quando a porta se abriu, entrou e logo sentiu debaixo dos pés a
textura de algo diferente, acendeu a luz
e se deparou com o ocorrido. Suspirou profundamente como que procurando forças
para mais uma tarefa, depois de tantas naquele dia.
O
cansaço a impediu de maiores cuidados, apenas recolheu a terra junto com a
pequena plantinha e, de qualquer forma, colocou no primeiro pote que alcançou.
Nem sabia por que fazia aquilo, seria tão mais fácil jogar tudo no lixo, mas a
regra algum dia imposta de que presente não se joga fora, falou mais alto.
Arrumou
um lugar qualquer na pequena varanda e largou o pote, longe de seu caminho e de
prováveis acidentes.
O
tempo passou e a rotina era sempre a mesma, só não para aquela pequena
plantinha que, deixada na varanda passou a receber os cuidados do acaso, hoje chuva,
amanhã sol e assim crescia.
Ela
chegou mais cedo naquele dia, entrou, trocou de roupa e esparramou-se no sofá,
a idéia era ver um bom filme, mas algo chamou sua atenção, um pequeno ponto de
cor vibrante. Levantou-se e foi até a pequena varanda, o colorido tomou forma,
era uma flor. Sua cor era tão vibrante que parecia cintilar e exalava um
perfume doce e tranquilizante. Por alguns instantes ficou imóvel admirando aquela
pequena plantinha e o resultado de sua insistência em sobreviver. Sem perceber ela esboçava um sorriso.
Susi Uhren
Outono/2012
Outono/2012
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